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Dois anos...

  • Joyce Marcolino
  • 21 de jul. de 2016
  • 3 min de leitura

Dois anos, mas não sei se posso chamar-te mais de meu amor. Passou rápido. Muita coisa foi dita, muita coisa foi escrita, muita coisa foi proposta, muita coisa provocada, imposta e no final pouca coisa foi vivida. É a vida e seus contrários. Isso é o que acontece quando a gente sente mais que o outro, quando nos entregamos mais que o outro, quando nos permitimos mais que o outro e não digo isso em relação ao outro apenas, mas da vida como um todo.

Pessoas rasas, com o tempo eu entendi o porquê alguns insistem tanto nessa afirmação. “Mergulhe no profundo” dizia ele com um sorriso estampado no rosto... Mas ficou, durante todo esse tempo, morto de medo de mergulhar na minha profundidade toda, na minha intensidade, na minha verdade, no meu amor. É boa essa sensação nê? Quando a gente olha para nós mesmo e conseguimos enxergar a nossa dignidade em relação às pessoas.

Eu chorei muito durante esses 730 dias. Ah, chorei sim. Lembro-me de cada lágrima, de cada motivo, de cada fraqueza, de cada sentimento de insegurança que existiu antes que eu pudesse dizer que passou. Lembro como se fosse ontem do primeiro poema escrito, do primeiro flerte provocado, do primeiro fora imposto, da primeira música que me fez lembrar. Nem sei como ainda consigo escrever alguma coisa sobre.

Consigo escrever sim ainda, porque o sentimento ainda existe e é o mesmo sentimento que em um nível embriagado de amor escreveu cada uma das 148 páginas (de Word, tahoma 10) do meu livro sobre você. O bom disso tudo é isso, não me rendeste um casamento, nem um namoro, mas rendeu-me histórias para contar, poemas para declamar, sonhos para traçar, uns bons porres para esquecer-te e uma saudade enorme para lembrar-me.

É como aquela tatuagem que nos arrependemos de ter feito, mas que ao olhar uma fase boa passa por nossa memória. Lembramos-nos da insanidade de um momento e eu só sei disso porque ele não ficou aqui, não está aqui e não vai voltar para cá. A vida levou-o a caminhar em outras trilhas, sem meu carinho, sem meu incentivo, sem minha força, sem minha rima, sem o meu beijo, sem minha alegria...

“E o que você perdeu sem ele” muitos me perguntam. Com meu coração nas mãos e todos meus sentimentos a flor da pele eu digo: Além do sorriso mais bonito, do abraço mais gostoso, das palhaças mais engraçadas eu perdi a minha fé. Não a fé na vida, não a fé em Deus, eu perdi a fé naquele menino, porque o vi mudar de caminho para não assumir a vontade que tinha de me amar.

Nunca vou publicar o livro que escrevi para ele, porque não acho que ele mereça mais minhas rimas pesadas. Não, eu não sou mal amada, quem me conhece sabe que basta um gesto simples para arrancar de mim só flores. Não digo que perdi a fé no outro porque ele não se tornou meu, digo isso porque ele se perdeu.

Quando os 365 dias chegaram, eu citei para ele uma das minhas frases preferidas de John Green “Alguns infinitos são maiores que os outros”. Hoje, depois desse tempo todo e para terminar esse texto queria poder dizer a ele que minha oração ainda o pertence e ainda tem um lugar bem ajeitadinho dentro do meu coração que é só dele, mas como diz meu poeta favorito Carlos Drummond de Andrade “Há muitas razões para duvidar e uma só para crer” e “apesar de ter apenas duas mãos e o sentimento do mundo” eu não acredito mais nele.

 
 
 

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